E sucedeu que,
importunando-o ela todos os dias com as suas palavras, e molestando-o, a sua
alma se angustiou até a morte. Juízes 16.16
Por Jefferson Paiva
Cada um de nós em algum momento de
nossa breve vida pôde experimentar na pele o quanto a impaciência, de certa
forma, nos tira do eixo e nos deixa meio desconfortáveis, ansiosos, perdemos um
pouco o controle de nós mesmos, perdemos o domínio próprio.
Eu dei o título a esse texto de: Sansão, Um Simbolismo Da Sociedade
Contemporânea, apesar de parecer um título complicado e meio pomposo, não é.
Quis chamar a atenção para o quanto há de similar na vida de Sansão e o momento
atual, tanto da igreja quanto da sociedade.
Vivemos em um mundo muito corrido, onde
tudo é para ontem, os sites de buscas e as redes sociais nos deixam a um clique
de distância dos nossos objetivos, e um minuto de demora se torna uma
eternidade, então perdemos a paciência, às vezes perder a paciência pode custar
caro como custou a Sansão.
Acredito que dentre todos os juízes
Sansão seja o mais lembrado e seus feitos e suas histórias as mais contadas e
narradas, mas vale à pena relembrar quem foi Sansão.
Sansão era filho de Manoá, da tribo de
Dã, e sua mãe, que não se sabe o nome devido à cultura judaica ser um tanto
quanto machista, era estéril, mas quando o Anjo do Senhor lhe aparece diz que
nascerá um filho que será nazireu de Deus. O voto do nazireado era um voto de
consagração a Deus, não era obrigatório, era você quem escolhia, podemos
encontrar em Nm. 6. 1-8, mas na história há pelo menos três nazireus
escolhidos por Deus, por assim, dizer: Sansão, Samuel e João Batista. E o que
eles não podiam fazer? Um nazireu de Deus não podia beber vinho, nem qualquer
bebida forte, sobre a sua cabeça não deveria passar navalha ele deveria deixar
os cabelos crescerem livremente e não deveria tocar em cadáveres, teoricamente
isso era o que Sansão não podia fazer, mas ele era intempestivo, não pensava
muito, agia por emoções, era auto-suficiente, lhe sobrava força e lhe faltava
paciência.
Na maioria das vezes nós não
percebemos, mas o inimigo é extremamente sorrateiro, ele tem bastante
paciência, ele nos ronda e nos vigia, à procura de pontos fracos, e com Sansão
não foi diferente. Em meio a feitos magníficos, Sansão foi pouco a pouco
cedendo a seus caprichos e vaidade, ser nazireu é ser consagrado e Sansão foi
quebrando seus votos um a um, fez alianças com o inimigo, casando-se como uma
mulher de outra nação o que não era permitido, era dado à bebida e já havia
tocado em cadáver, mas havia um voto que ele ainda não havia quebrado, não
havia cortado os cabelos.
Sansão havia se apaixonado por Dalila,
mas ela devia lealdade aos Filisteus. Os príncipes Filisteus pediram que ela o
persuadisse para que ele revelasse então o grande segredo de sua força, por
três vezes ele enganou Dalila, mas ela foi insistente e Sansão perdeu a
paciência, revelou o segredo que por ser nazireu, não podia cortar os cabelos
se cortasse, seria igual a qualquer homem, então ela o embebedou e o fez
dormir, cortaram-lhe os cabelos e arrancaram-nos os olhos.
Nem todo o exército Filisteu foi capaz
de derrotar Sansão, mas um único sentimento o fez sentir o peso de uma derrota,
a falta de paciência. Ele foi derrotado por ele mesmo. A Bíblia nos fala sobre
essa eterna batalha entre a carne e o espírito, é uma luta diária e quantas
vezes assim como Sansão, também perdemos essa batalha? E o que eu chamo de
perder essa batalha é dar lugar à carne, aos sentimentos carnais, assim como a
falta de paciência. A impaciência demonstra uma total falta de confiança nos
planos divinos, a impaciência diz ao nosso Deus que talvez ele não seja capaz
de cuidar plenamente de nossas vidas, a impaciência nos dá uma falsa sensação
de que para que tudo aconteça precisamos fazer alguma coisa, a impaciência nos
cega e isso é perigoso.
Mas o que fez Sansão sentir o gosto da
derrota, não foi o fato de lhe cortarem o cabelo, o segredo não estava no
cabelo. O cabelo era uma espécie de manifestação do voto de consagração, era a
manifestação visível de sua consagração, ele não perdeu a força quando bebeu
vinho, porque o não beber simbolizava manter mente o corpo em plena sanidade,
ele não perdeu a força quando tocou animal impuro, pois o não tocar simbolizava
manter o corpo longe de impurezas, mas perdeu a força quando lhe cortaram os
cabelos porque simbolizava a manifestação visível do seu voto de consagração,
aquilo que o tornava um ser separado dos demais. E o que o tornou um ser igual
a todos os outros ao ponto de romper com Deus seu voto de consagração? A sua falta
de paciência.
Na atualidade, um dos grandes problemas
chama-se: IMPACIÊNCIA. Ela tem sido a grande vilã na vida de muita gente; há
quem chegue a ponto de ter até reações e problemas físicos por causa da
impaciência. Quantas e quantas vezes
também não agimos impacientemente, não conseguindo esperar pelo agir de Deus?!
Quantas situações não complicam nossa vida, justamente, porque somos
impacientes? Aprender a esperar pela mão do Senhor não é tarefa fácil, mas não é
impossível. Muitas vezes, não devemos esperar pela resposta, mas o esperar,
muitas vezes, faz parte da resposta.
Nas Escrituras Sagradas, encontramos em
Gl. 5.22, Paulo falando acerca dos frutos do Espírito e cita a longanimidade,
ou paciência. Ser paciente é demonstrar para a Igreja que temos o Espírito
Santo em nós é também demonstrar ao mundo que somos diferentes, afinal, nossa
missão é ser corpo de Cristo, os frutos são nossa manifestação visível de um
voto de consagração eterno, haja vista, que o sacrifício de Cristo por nós é
eterno.
Tenhamos a consciência de que perder a paciência
é inerente aos nossos sentimentos humanos, mas que isso não seja uma constante
em nossas vidas. Que possamos pacientemente ouvir a voz do Senhor e deixarmos
ser levados pelo vento do Espírito Santo, seja pra onde for. Afinal quem dentre
vós é Deus para julgar quanto tempo devemos esperar? Paciência meu irmão, Deus
sabe o que faz, diferente de mim e você. Amém!